Cessna T-37 Tweety Bird

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O Cessna T-37 Tweety Bird é um avião ligeiro de instrução, bimotor a jato, em que os dois tripulante se sentavam lado-a-lado e que entrou para oa anais da história por ter ao longo dos seus mais de 50 anos de serviço ter formado só nos EUA mais de 78000 pilotos.
Desenvolvido no início de 1950 pela Cessna (modelo 318), e destinado à instrução básica de pilotagem, na USAF, foi exportado para mais de vinte países para uso na mesma função. De uma das suas variantes (T-37C) seria desenvolvida uma aeronave ligeira de ataque, apoio aéreo próximo e anti-insurgência, o A-37 Dragonfly, amplamente utilizado na guerra do Vietname, e na América do Sul contra forças de guerrilha.
A produção do T-37 terminou em 1975 com um total de 1,269 aeronaves construídas em três versões, e em 2015, mais de sessenta anos passados sobre o voo do primeiro protótipo, perto de oito dezenas continuam em operação nas forças aéreas de alguns países. 
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Ano
1954
Pais de Origem
EUA
Função
Instrução básica
Variante
T-37C
Tripulação
2
Motor
2 x Turboreatores Continental/Teledyne J69-T-25
Peso (kg)
Vazio
1840
Máximo 
2981

Dimensões (m)
Comprimento 
10,35
Envergadura
8,92
Altura 
2,80
Performance 
(km/h; m; km)
Velocidade
684
Teto Máximo
11950
Raio de ação
1500
Armamento
-
Países operadores
EUA, Alemanha, Bangladesh, Brasil, Camboja, Chile, Colômbia, Coreia do Sul, Equador, Grécia, Jordânia, Marrocos, Birmânia, Paquistão. Peru. Portugal, Tailândia, Turquia, Vietname do Sul, Vietname
Fontes
Pt.wikipedia.org
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GALERIA
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T-37B, USAF
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T-37C, FA Portuguesa
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T-37C, FA Paquistanesa
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T-37C, FA Turca
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T-37C, FA Brasileira
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T-37C, FA Sul Coreana
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HISTÓRIA
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Um dos fatores primordiais no sucesso de uma força aérea no combate aéreo é a qualidade do treino dos seus pilotos, como inúmeras vezes ficou demonstrado nos conflitos ocorridos nos céus da Europa, Coreia, Vietname e Golfo Pérsico. O treino é a chave para a vitória, e começa com a instrução básica de pilotagem.

Ciente deste facto no início de 1950 a USAF pretendeu adquirir um avião de instrução a jato, para o que abriu um programa e respetivo concurso de fornecimento, designado por TX (Trainer Experimental).

Protótipo XT-37 em 1954
A Cessna respondeu ao programa TX com o seu Modelo 318 uma aeronave bimotor que tinha como característica marcante a posição dos dois tripulantes lado-a-lado. A USAF apreciou particularmente esta característica que permitia ao aluno e ao instrutor interagir mais perto do que seria possível com o assento em tandem e na primavera de 1954, concedeu à Cessna um contrato para construção de três protótipos do Modelo 318, a designar por XT-37, juntamente com um contrato separado para um único avião de teste estático.

O primeiro XT-37 realizou o voo inaugural em outubro de 1954. A aeronave dispunha de asas retas em posição baixa com os motores enterrados nas suas raízes, uma canópia tipo concha com abertura para cima através de uma dobradiça na parte traseira. O trem de aterragem curto eliminou a necessidade de uma escada de acesso ao cockpit com lugares lado-a-lado para os dois tripulantes cada um com o respetivo assento ejetor. A aeronave foi projetada para ser simples de manter, com mais de uma centena de painéis e portas de acesso aos varios componentes, uma tripulação de solo experiente poderia mudar um motor em cerca de meia hora.

T-37A em 1955
O XT-37 era aerodinâmicamente bastante limpo, dispunha de um travão aerodinâmico atrás da porta do trem do nariz usado para reduzir a velocidade de aterragem e como o trem de aterragem era curto, as entradas de ar para os motores estavam perto do solo, e por isso o XT-37 foi equipado com grelhas, que quando o trem de aterragem era estendido se posicionavam para bloquear a ingestão de objetos pelos motores.

O XT-37 foi equipado com dois turborreactores de fluxo centrífugo Continental-Teledyne J69-T-9 de 4,1 kN de empuxo cada (tratavam-se na realidade de motores franceses Turbomeca Marboré, construídos sob licença), que incorporavam defletores de impulso de exaustão para que pudessem permitir aterragens mais curtas. O peso total do XT-37 era de 2270 kg e nos testes mostrou ser capaz de atingir uma velocidade máxima de 630 Km/h em altitude, com um alcance de 1500 quilómetros. O cockpit não era pressurizado e por isso o seu teto máximo era limitado a 7600 metros pelos regulamentos da USAF.

Linha de produção do Cessna T-37A em 1956
Avaliados os protótipos e corrigidos vários dos problemas iniciais, a USAF considerou a aeronave aceitável para as suas necessidades e foi iniciada a produção do modelo designado T-37A, cuja primeira aeronave saiu da linha de produção em 3 de Setembro de 1955 e formalmente aceite pela USAF em Junho de 1956. 

Desde o início que todos os T-37 comungaram de uma característica imutável, o estridente barulho provocado pela turbina do motor, o som caracteristico que determinou o seu baptismo oficial como "Tweety Bird" ou simplesmente "Tweet". 

A produção do T-37A terminaria ao fim de construídos 444 exemplares no dia 23 de Julho de 1958, dando lugar à produção do T-37B, que seria a variante mais produzida, e que diferia da versão inicial principalmente pelo uso do motor Continental-Teledyne J69-T-25 mais potente que o anterior, que se apresentava com custos de operação mais baixos, tempos de operação sem manutenção mais longos e um ciclo de vida expectável superior, além do que possuía um volume aproximadamente igual ao anterior, dispensando qualquer modificação ao nível da célula. Foram ainda atualizados os sistemas de comunicação e de navegação, o painel de instrumentos foi revisto e foi adotado um para-brisas fabricado em Lexan policarbonato com uma espessura de 12,5mm, com capacidade para resistir ao impacto de uma ave com 1,8 kg contra uma aeronave voando próximo dos 460 km/h (só entre 1965 e 1970 a ISAF registou 133 incidentes com os T-37 e aves).

T-37B, da USAF
Foram produzidos para a USAF até 1973, um total de 552, T-37B e todos os T-37A operacionais foram atualizados para este novo padrão .

No início de 1961 a Cessna começou o desenvolvimento de uma variante armada (T-37C), destinada a complementar a instrução de pilotagem com uso de armamento. Modificou um T-37B, com as asas mais resistentes, com um ponto de suspensão em cada uma capaz de suportar até 115 kg de armamento, e capacidade para tanques de combustível de 245 litros nas pontas das asas, que podiam ser ejetados em caso de emergência. 

Foi adicionada uma mira compturizada ligada a uma câmara da arma, e foi capacitado para operar uma câmara de reconhecimento montado dentro da fuselagem. Como armamento o T-37C usava o casulo (pod) General Electric que transportava uma metralhadora Browning de 12,7 mm com 200 munições, dois foguetes não guiados de 70 mm, e quatro bombas de instrução, podendo também utilizar outros casulos com foguetes ou mesmo misseis ar-ar Sidewinder.

As mudanças aumentaram o peso do T-37C em 650Kg e como os motores não foram atualizados, a sua velocidade máxima foi reduzida para 595 Km/h, embora os tanques na ponta das asas aumentassem o seu alcance máximo para 1.770.

T-37C da FA Grega
Desta versão foram produzidas até 1975, 273 aeronaves, todas destinadas ao mercado de exportação no âmbito de programas de assistência militar dos EUA, nunca foi usado pela USAF.

O T-37 acabou por entrar para a história da aviação e para a sua restrita "galeria da fama" após mais de cinquenta anos de serviço operacional, durante os quais formou, só nos EUA, um número superior a 78 000 pilotos para a USAF, tendo sido oficialmente retirado do inventário da USAF no dia 30 de julho de 2009.

Em 2015 alguns T-37 ainda se encontravam ao serviço operacional das forças aéreas da Colômbia (14), Equador (10) e Paquistão (63).

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EM PORTUGAL
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«A Força Aérea Portuguesa (FAP) recebeu os primeiros 12 Cessna T-37C Tweety Bird, em Dezembro de 1962, fornecidos pelos Estados Unidos, transportados por via marítima e montados nas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA) em Fevereiro de 1963. As restantes 18 aeronaves foram recebidas em lotes de seis, a partir de Março de 1964, perfazendo o total de 30 aviões. Os T-37 foram numerados de 2401 a 2430 e colocados na Base Aérea nº 1 (BA1), em Sintra, constituindo a Esquadra de Instrução Básica de Pilotagem nº 2 (EIBP2) Os Panchos, que, em conjunto com a Esquadra de Instrução Básica de Pilotagem nº 1 (EIPB1) equipada com North-American T-6, formavam o Grupo de Instrução Básica de Pilotagem (GIBP).

Os T-37C da FAP, na BA1 em Sintra
Para melhorar o rendimento operacional, a EIPB2 dividiu-se em duas esquadrilhas, a Esquadrilha nº 1, os Feras e, a Esquadrilha nº 2, os Águias.

A EIBP2 iniciou a atividade, ministrando Tirocínio de Pilotagem aos alunos do Curso de pilotagem Aeronáutica da Academia Militar, passando posteriormente a ministrar também os Cursos Básicos de Pilotagem, numa primeira fase como tarefa repartida com a EIBP1 que, em meados de 1964, foi transferida para a então BA7, São Jacinto. »

A passagem dos T-37 pela FAP, e a sua relevância,  está intimamente ligada a história da patrulha acrobática Asas de Portugal.

«(...)No início de 1964, retomando a tradição da existência de uma patrulha acrobática portuguesa, dado que as patrulhas acrobáticas “Dragões” e “S. Jorge” foram desativadas, a EIBP 2 começou por formar uma patrulha acrobática a que deu o nome da própria Esquadra - “Panchos” – com a finalidade de participar no festival a realizar em Alverca, em Julho desse ano. No entanto, a participação foi cancelada na sequência de um acidente ocorrido durante os treinos, de que resultou a destruição de um avião e a morte do piloto. 

Aterragem de um T-37C da FAP
Foi em 1965 que Os Panchos tentaram retomar os treinos, mantendo uma atividade algo irregular durante vários anos. As exigências relacionadas com a formação de novos pilotos e a necessidade de transferir alguns pilotos-instrutores para o Ultramar impediam que os treinos tivessem a desejada regularidade. Em 17 de Maio de 1968, o T-37 número 2405 despenhou-se no mar, junto a Lagoa de Albufeira, vitimando o piloto. Em 1968, a patrulha não-oficial Os Panchos retomou os treinos. Em 1969, o nome da patrulha acrobática foi mudado para Diabos Vermelhos e o ritmo de treinos e de exibições sensivelmente aumentado. Foi brilhante a atuação no festival de Alverca, em 15 de Maio de 1969. Em 1970 destacam-se as exibições em Faro e Beja, esta última realizada em condições meteorológicas bastante adversas, com vento de rajadas muito fortes. Os Diabos Vermelhos são desativados em finais de 1970, devido às dificuldades provocadas pela Guerra do Ultramar.

A patrulha Os Panchos reapareceu novamente em 1973, dez anos após as primeiras exibições, nas festividades do centenário do nascimento de Santos Dumont. Em 1976, por força da vontade de alguns pilotos foram retomadas as exibições aéreas. A primeira ocorreu em Abril desse ano, durante um Juramento de Bandeira na BA2, na Ota. Seguiram-se em 14 de Maio de 1976, no dia da BA2, e consagração no Dia da Força Aérea, em 4 de Julho de 1976, nos céus da BA1.

T-37C da FAP em pleno voo
Premiando o empenho e a qualidade da equipa de Os Panchos, a organização International Air Tattoo de 1977 convida a FAP a participar com a sua patrulha acrobática no festival em Greenham Common, Grã-Bretanha, integrado nas comemorações do Jubileu de Prata da Rainha Isabel II. O convite foi aceite e daí nasceu a patrulha acrobática Asas de Portugal, oficializada como representante da FAP pela Ordem de Serviço do Estado-Maior da Força Aérea nº 46, de 31 de Dezembro de 1977. Os aviões passaram a estar equipados com sistema adequado de fumos e com uma pintura própria da patrulha. Foi criado o distintivo dos Asas de Portugal e a primeira exibição teve lugar no dia 11 de Maio de 1977, num festival na BA3, em Tancos. No dia 10 de Junho de 1978 atuaram na Guarda, no Dia de Camões e das Comunidades.A primeira exibição no estrangeiro foi efectuada em Thonon-les-Bains, em 18 de Junho de 1977, seguindo-se a de Greenham Common, no dia 26 de Junho de 1977.

Patrulha "Asas de Portugal" em exibição
A partir da remodelação da estrutura operacional da Força Aérea Portuguesa levada a efeito em 1977, a EIBP2 passou a ser designada por Esquadra 102, ao mesmo tempo que se tornava na única sub-unidade a ministrar a instrução básica de pilotagem. Em 5 de Novembro de 1986 ocorreu um acidente com o 2418 que se despenhou em Beringel, perto de Beja, vitimando os dois pilotos. Em 9 de Dezembro de 1990 ocorre um acidente com um avião dos Asas de Portugal, o 2415, num voo de treino, provocando a morte do piloto (após a investigação ao  avião acidentado conclui-se que o mesmo ocorreu devido a problemas estruturais).

No dia 8 de Agosto de 1992, os Cessna T-37C realizam o último voo, na BA1, sendo oficialmente retirados do serviço depois de 29 anos, durante os quais formaram centenas de pilotos da Força Aérea Portuguesa e levaram o nome de Portugal além fronteiras.

Quanto à patrulha Asas de Portugal, voando T-37C, seria extinta, renascendo oficialmente em Abril de 1997, na Esquadra 103 da BA11, em Beja, com Alpha Jet. A Força Aérea mantém exposto ao público, no seu Museu em Sintra, um destes aviões na sua pintura original e em reserva um outro com a pintura dos Asas de Portugal.»

DESENHOS
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PERFIL
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FONTES
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  • Wikipedia.org
  • Excerto do texto do Major Adelino Cardoso, "T-37 Um legado da memória 50 anos do primeiro voo em Portugal", revista "Mais Alto" (adaptado)

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REVISÕES E RECURSOS ADICIONAIS
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  • Revisões
# Revisto em 2017-03-08 #
# Publicado em 2015-05-21 #

  • Recursos Adicionais

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