Fairey Battle

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A Fairey Aviation Company Limited construía aviões de combate desde a primeira guerra mundial, desenvolvendo aeronaves de sofisticação crescente no período entre guerras. Na década de 1930, a empresa construiu seu primeiro monoplano moderno, o bombardeiro ligeiro Battle que foi adquirido em número significativo pela Royal Air Force (RAF). A aeronave encontrava-se ao serviço operacional da RAF quando se iniciou a Segunda Guerra Mundial, tendo sido colocada na frente de combate onde se revelou fatalmente obsoleta, sendo relegada para funções não-combate, logo que tal foi possível.
Embora o tenha tido um papel relevante na instrução de pilotos para a RAF o Battle é fundamentalmente recordado pela sua desastrosa participação nos primeiros dias da guerra, uma participação associada a uma bravura suicida e fútil.


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Ano
1937
Pais de Origem
Reino Unido
Função
Bombardeiro Ligeiro
Variante
Mk II
Tripulação
3
Motor
1 × Rolls-Royce Merlin II
Peso (Kg)
Vazio
3015
Máximo
4895

Dimensões (m)
Comprimento
12,91
Envergadura
16,46
Altura
4,72

Performance (Km)
Velocidade Máxima
413
Teto Máximo
7620
Raio de ação
1610
Armamento


1 x metralhadora Browning de 7.7mm na asa de estibordo
1 x metralhadora  Vickers K de 7.7mm operada a retaguarda
Até 681 Kg de bombas:
4 x bombas de 110 kg nas baias das asas, ou
2 x bombas de 230 kg transportadas externamente
Países operadores
Reino Unido, Australia, Belgica, Canadá,India, Irlanda, Grecia, Polonia, Africa do Sul, e Turquia 
Fontes
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GALERIA
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Battle Mk I
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Battle Mk I, RAF, 52º Esquadrão
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Battle Mk I, RAF, 253º Esquadrão, 1940
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Battle Mk I, RAF, 218ºEsquadrão, 1940
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Battle T Mk I, RAAF, 1ºG.School
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Battle IT Mk I, RCAF, 3ºB.G.School
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HISTÓRIA
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Em 1933 o Ministério do Ar Britânico emitiu a especificação P.27/32 para um bombardeiro ligeiro monoplano de dois lugares, destinado a RAF, capaz de transportar 450 Kg de bombas, a uma distância de 1600Km e uma velocidade de 320Km/h. A especificação relativamente agressiva á época foi respondida por grande parte da industria aeronáutica britânica tendo o Ministério do Ar, encomendado a construção de protótipos dos projetos Armstrong-Whitworth AW.29 e Fairey Day Bomber, este ultimo desenhado por Marcel Lobelle um emigrante Belga, para avaliação.

Fairey Battle K4303, protótipo
A especificação revista, P.23/35, foi emitida em 1935, com o protótipo do Fairey Battle, como viria a ser conhecido, a realizar o primeiro voo em 10 de março de 1936. O concorrente, o Armstrong-Whitworth AW.29, realizou o primeiro voo em dezembro de 1936 mas sofreu um acidente não sendo reparado. Antes disso já o Ministério do Ar tinha encomendado um lote de produção inicial do Fairey Battle, cuja primeira aeronave voaria pela primeira vez em 14 de abril de 1937.

As entregas à RAF iniciaram-se na primavera desse mesmo ano, a um ritmo elevado, a ponto de, em setembro de 1939 quando se iniciou a segunda guerra mundial, estarem operacionais mais de 1000 Fairey Battle.

Tal como emergiu, o Fairey Battle era um monoplano de asa baixa (o primeiro da Fairey), construído maioritariamente em liga metálica leve. As asas, construídas em torno de duas longarinas, eram totalmente em metal, com exceção das superfícies de controlo, cuja estrutura metálica era revestida por tecido. 

Fairey Battle Mk III, com motor Rolls-Royce Merlin III
O Battle era motorizado por um Rolls-Royce Merlin de 12 cilindros em V, refrigerado a àgua, que propulsionava uma hélice De Havilland, de três pás com passo variável de duas posições. Produção inicial utilizou o Merlin, que ao longo da produção foi substituído por novas versões, Merlin II, Merlin III e Merlin IV em algumas aeronaves de final da produção.

O trem de aterragem principal era retrátil, recolhendo para uma carenagem sob as asas, que não dispunha de porta. 

A tripulação era composta por três elementos, piloto, bombardeador/observador e operador de rádio/artilheiro, sentava-se em tandem sob uma longa canópia em forma de estufa. O bombardeador detectava e apontava ao alvo através de uma mira ótica no chão do seu posto.

O armamento defensivo era composto por uma metralhadora Browning de 7,7 mm na asa direita e uma metralhadora Vickers K ou Lewis, móvel no cockpit mais a retaguarda operada pelo terceiro tripulante.

 Posto do artilheiro de um Battle com metralhadora Lewis
Quatro bombas de 115 Kg bombas eram transportadas em pequenas células nas asas, podendo ser libertadas hidraulicamente, em ataques de mergulho. Duas bombas adicionais podiam ser transportadas em suportes externos nas asas. 

O Battle era resistente e os pilotos consideravam-no fácil de voar, no entanto os postos da restante tripulação deixavam muito a desejar. Esse era no entanto o menor dos problemas da aeronave, que embora inovador no tempo em que realizou o primeiro voo, em 1939, quando foi colocado em operações de combate real, mostrou-se totalmente inapto, sendo demasiado lento (apenas 388 Km/h de velocidade máxima), mal armado e com uma blindagem quase inexistente e por isso vulnerável até a armas ligeiras disparadas do solo. Por esta altura a RAF estava fortemente dependente do Battle, e quando para a defesa da França, ele enfrentou os caças alemães, o resultado foi desastroso Obviamente incapaz, o Battle foi mantido ao serviço simplesmente porque a RAF não tinha como o substituir.

Fairey Battle, RAF, França, 1940
Quando os alemães invadiram os Países Baixos e a França na primavera de 1940, o Battle foi enviado para a linha da frente, com poucos resultados que não fosse o abate de um grande número aeronaves com a morte inúmeros tripulantes da RAF.

Em dezembro de 1939 dois esquadrões de Battle foram enviados para França e até maio de 1940 foram enviados mais oito, tornando-se a principal força de ataque da Força Expedicionária da RAF em França. Na manhã de 10 de maio, quando os alemães deram inicio a Blitzkrieg, em França, havia aproximadamente 110 Battle operacionais. 

Nesse mesmo dia, os Battle entraram em combate, sendo encarregues de atacar concentrações de tropas inimigas no território de Luxemburgo. Porém os britânicos já estavam cientes da vulnerabilidade das aeronaves e por isso usavam-nos apenas quando não houvessem outras aeronaves disponíveis nomeadamente os Bristol Blenheim que já tinham começado a substituir os inadequados e vulneraveis Battle. Das 36 aeronaves enviadas em missão nesse dia, apenas vinte regressaram e dessas quase todas tinham sofrido danos a exigir reparação.

Baias de bombas do Fairey Battle
No dia seguinte, as perdas foram ainda piores, dos oito Battle, enviados para bombardear alvos no Luxemburgo, apenas um voltou. 

Em 12 de maio de 1940 cinco Battle atacaram pontes sobre Canal de Albert da Bélgica na esperança de retardar o avanço alemão, tendo todos sido abatidos por fogo antiaéreo sem terem atingido o alvo (o líder da formação e seu navegador foram postumamente galardoados com a Victoria Cross).

Só a 14 de maio houve uma incursão relativamente bem sucedido quando dez aeronaves bombardearam uma ponte flutuante sobre o rio Musa em Sedan (Batalha de Sedan). Mas no mesmo dia caças alemães intercetaram um grande grupo de 62 Battle, destruindo-o literalmente (35 bombardeiros foram abatidos). 

Battle T Mk I (L1649), RAAF, 1ºBombing and Gunnery School
Depois desta triste experiência da primeira semana de combates, os Battle foram transferidos para operações noturnas. Até a evacuação da França, ainda voaram cerca de 200 missões sob a cobertura da escuridão, com a perda de apenas uma aeronave. Só voltaram a atuar durante o dia quando em 19 de maio os alemães começaram a cercar a Força Expedicionária Britânica em Dunkirk (Operação Dínamo), porque eram as únicas aeronaves disponíveis pelos britânicos, também aqui com um elevado custo em aeronaves e tripulações. 

Após este período os Battle seriam colocados no leste e sudeste de Inglaterra, sendo relegados para operações de patrulha na retaguarda em locais fora do alcance dos caças alemães, nomeadamente sobre a Islândia e mar da Irlanda. Em Outubro de 1940 a RAF deixou definitivamente de usar o Battle como bombardeiro. 

Battle T Mk I, modificado com cockpit modificado
Os Battle sobreviventes foram utilizados até ao fim da guerra como aeronaves de instrução, de tripulações de bombardeiros incluindo operadores de torres de artilharia (alguns Battle receberam para isso uma torre Bristol instalada no lugar do terceiro cockpit, recebendo a designação de Battle IT). Os Battle de instrução (Battle T) eram modelos normais com a instalação de comandos duplos, embora alguns tivessem cockpits modificados com canópias independentes.

A partir de agosto de 1939, 739 Battle foram colocados no Canadá (2º Bombing e Gunnery School , Mossbank, Saskatchewan) como aeronaves de instrução, parte do British Commonwealth Air Training Plan. A maioria foi usado para treino de futuras tripulações de bombardeiros da Commonwealth e um pequeno número serviu de rebocador de alvos. Embora o Battle tenha sido retirado do uso activo no Canadá depois de 1945, permaneceu em serviço da RAF em papéis secundários até 1949.

Fairey Battle, modificado com motor Napier Sabre
para teste de motor
Alguns foram também utilizados como plataformas de testes de motores nomeadamente, o Bristol Taurus, o Bristol Hercules, o Napier Dagger e o Napier Sabre.

Um total de 2185 Fairey Battle foi construído no Reino Unido, juntamente com os 18 construídos na Bélgica. 

Algumas aeronaves sobrevivem ainda em exposição estática mas nenhuma em condição de voo.



DESENHOS
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PERFIL
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FONTES
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REVISÕES E RECURSOS ADICIONAIS
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  • Publicação e Revisões
# Publicado em 2016-06-20 #
  • Recursos Adicionais
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