Lockheed T-33 Thunderbird (T-Bird)

.
.
.
.
O Lockheed T-33 Thunderbird é um avião a jato de instrução, com lugares em tandem, derivado do Lockheed P-80 Shooting Star, o primeiro avião a jato a equipar as unidades de caça da USAAF, a partir de 1945. 
Originalmente designado por TF-80C, fez seu primeiro voo em 22 de Março 1948, tendo sido de imediato adotado. Para além da USAAF (USAF a partir de setembro de 1947) o Lockheed T-33 seria também operado pela US Navy e pelas forças aéreas de mais de 40 países, a partir de 1949 até aos dias de hoje, embora a maior parte tenha sido retirada de serviço nos anos de 1980 e 1990 (a Força Aérea Boliviana mantinha em 2015, quinze T-33 ainda operacionais depois de terem sido modernizados pela Canadair).
Um total de 6557 Thunderbird foram produzidos, 5691 pela Lockheed nos EUA entre 1948 a 1959, 210 pela Kawasaki no Japão e 656 pela Canadair como CT-133 Silver Star. 
.
.
.
.
Ano
1948
Pais de Origem
EUA
Função
Instrução
Variante
T-33A
Tripulação
2
Motor
Allison J-33-A-5, de 24.0 kN
Peso (Kg)
Vazio
3810
Máximo
5900

Dimensões (m)
Comprimento
11,50
Envergadura
11,90
Altura
3,90

Performance (Km)
Velocidade Máxima
965
Teto Máximo (m)
14630
Raio de ação
620
Armamento
(opcional)
2 x metralhadoras Browning M3 de 12,7mm com 300 projéteis por arma;
2 x suportes com capacidade para 907 kg de bombas ou foguetes (versão AT-33)
Países operadores
EUA, Bélgica, Brasil, Birmânia, Bolívia, Canadá, Chile, República da China, Colômbia, Cuba, República Dominicana, Dinamarca, Equador, França, Alemanha, Grécia, Guatemala, Honduras, Indonésia, Irão, Itália, Japão, Líbia, México, Países Baixos, Nicarágua, Noruega, Paquistão, Paraguai, Peru, Filipinas, Portugal, Arábia Saudita, Singapura, Coreia do Sul, Espanha, Tailândia, Turquia, Uruguai, Venezuela, Jugoslávia
Fontes
.
GALERIA
.
T-33A, USAF
.
CT-133A, CAF
.
T-33A, FA Francesa, 1980
.
AT-33A, FA Brasileira, 1975
.
T-33A, FA Portuguesa, 1980
.
T-33A, FA Bolivia, 2008
.
HISTÓRIA
. 
O Lockheed P-80/F-80 Shooting Star tem seu próprio nicho especial na história USAF, mas a quando da sua introdução em serviço, viu-se envolvido num elevado número de acidentes, justificados pela inexistência de uma aeronave de instrução que permitisse preparar os pilotos para a transição dos aviões com motor a pistão para os aviões a jato cuja operação tinha peculiaridades próprias. 

TP-80C-1- LO, (48-356)
Não obstante a sugestão da Lockheed para produzir uma variante de instrução baseada no P-80, a USAAF, não manifestou interesse na sugestão, o que levaria a Lockheed em maio de 1947 a iniciar, por conta própria, os estudos que levariam ao T-33A, com um investimento inicial de um milhão de dólares. Porém passados três meses a recém criada, como ramo independente, USAF (US Air Force) manifestou interesse na aeronave em desenvolvimento autorizando a modificação de um dos seus caças P80-C sob a designação inicial de TP-80C. 

A fim de acomodar um segundo tripulante na fuselagem do P-80C, com o mínimo de modificações, os projetistas da Lockheed enxertaram duas extensões na fuselagem, à frente e atrás da asa, resultando num acréscimo de 1,28m ao comprimento original da fuselagem. A instalação dos equipamentos necessários ao segundo tripulante levou a uma sensível redução da capacidade do tanque de combustível da fuselagem, de 780 para 360 litros, perda compensada com a instalação de tanques de combustível nas asas e, posteriormente, de tanques fixos nas pontas das asas, característica marcante do T-33. O motor Allison J33-A-35 com 24.0 kN de empuxo, usado no P-80, foi mantido. 

T-1A, US Marine Corps, 1964
A cabina de dois lugares, com o lugar do instruendo à frente e do instrutor atrás, foi equipada com comandos duplos e assentos ejetáveis sob uma canópia de uma única peça de abertura vertical. O armamento foi reduzido de seis para duas metralhadoras de 12,7mm no nariz, com 300 projeteis cada, podendo também ser desarmado, conforme fosse especificado. Também foi instalada uma câmara na parte interna da tomada de ar direita, para filmar os resultados obtidos com tiro aéreo. 

Pouco menos de um ano após terem sido iniciados os estudos para a sua construção, o primeiro TP-80C (48356) realizou seu voo inaugural a 22 de março de 1948, onde demonstrou ter características de voo similares ao P-80C e uma velocidade máxima ligeiramente superior. 

Com a reorganização da USAF, como ramo autónomo das forças armadas americanas as designações das aeronaves foram modificadas passando o TP-80C a ser designado por RF-80C e em maio de 1948 recebendo a sua designação definitiva de Lockheed T-33A Thunderbird.

Lockheed RT-33A da FA Portuguesa
Além da USAF, também a US Navy e o US Marine Corps manifestaram interesse no T-33A, tendo-o utilizado inicialmente como TO-2, posteriormente como TV-2, e finalmente a partir de 1962, como T-33B. Este uso operacional conduziria à produção de uma variante adaptada ao uso naval, equipada com trem de aterragem e estrutura, reforçadas, e gancho de retenção para pouso em porta aviões, conhecida como Lockheed T2V-1 SeaStar, posteriormente designada por T-1 SeaStar (150 unidades produzidas para a US Navy). 

Apesar de concebido para ser um avião de instrução, algumas aeronaves da versão de exportação do T-33, seriam adaptadas para missões de ataque e apoio próximo com suportes sob as asas para bombas e foguetes, sendo designadas por AT-33A. Outras aeronaves foram equipadas com quatro câmaras fotográficas, três oblíquas e uma vertical num nariz modificado, e equipamento adicional no cockpit traseiro (sendo retirado o lugar do segundo tripulante), para realizarem missões de reconhecimento fotográfico. Designadas por RT-33A as aeronaves desta versão estiveram ao serviço das forças aéreas de países como a França, a Itália, os Países Baixos, o Paquistão, a Tailândia e a Turquia, tendo sido fornecidas pelos EUA ao abrigo de Programas de Assistência Militar).

AT-33A, FA Uruguai
A produção total do Lockheed T-33 ascendeu a 6657 aeronaves, uma quantidade muito acima dos 1718 P-80 que foram produzidos, tendo a aeronave seria adotada pelas Forças Aéreas de mais de quarenta países que os mantiveram em operação por mais de 30 anos.

Este sucesso levaria a Skyfox Corporation (criada por antigos engenheiros da Lockheed) a propor na década de 1980 um programa de conversão e modernização dos T-33, que seria designado por Skyfox (mais tarde Boeing Skyfox). 

A proposta previa o fornecimento de kits de conversão dos T-33 com os quais a aeronave receberia uma segunda vida transformando-se num avião moderno, capaz de executar várias missões. Os kits incluíam novos motores (2 turbofans Garrett TFE731-3A, para substituição do Allison J33-A-35, montados em duas nacelas laterais na fuselagem) , novos e modernos aviónicos e a substituição de várias partes da fuselagem, incluindo a extensão do bordo de ataque das asas, a remoção dos tanques da ponta das asas e a sua substituição por winglets, uma nova empenagem, e um nariz completamente redesenhado para melhorar a visibilidade.

Prototipo do Boeing Skyfox
Apesar da Skyfox Corporation não ter conseguido compradores em 1986 a Boeing Military Aircraft Company considerou que o projeto tinha potencial e adquiriu os direito de comercialização e produção do Skyfox. Porém apenas Portugal manifestou interesse em adquirir 20 kits e conversão Skyfox e por isso a Boeing abandonou o projeto.

O protótipo foi o único Skyfox construído.

O T-33 permaneceria ao serviço da Força Aérea e da Marinha dos Estados Unidos até à década de 1980, tendo a ultima unidade sido retirada de serviço apenas em 1997. Muitos continuaram ainda ao serviço em inúmeras forças aéreas estrangeiras ou estão em mãos de utilizadores privados.


EM PORTUGAL
.
Esquadra 103, BA Monte Real, 1977
No período de 1953 a 1979 Portugal adquiriu 35 aeronaves T-33A e RT-33A. Em 1953 chegaram os primeiros 15 aviões T-33A, armados com duas metralhadoras no nariz (mais tarde foram retiradas tendo sido adicionado balastro para manter o centro de gravidade da aeronave), provenientes dos Estados Unidos, praticamente novos, que foram colocados na Base Aérea N° 2 (BA2), Ota, integrados na Esquadra 20 (equipada com os F-84G Thunderjet) constituindo a Esquadrilha de Voo Sem Visibilidade.

Em 1955 é formada a Esquadra 22, equipada com os T-Bird cuja missão primária se centrava na adaptação dos pilotos de aviões convencionais aos aviões a jacto. Em 1956 a Esquadra 22 toma a designação de Esquadra de Instrução Complementar de Pilotagem (EICP), passando a ministrar cursos aos alunos-pilotos que terminavam a instrução básica em T-6 Texan.

O T-33 com maior vida operacional na FAP
(na realidade um RT-33A de reconhecimento)
Em 1958 dá-se nova alteração na designação, agora para Esquadra de Instrução Complementar de Pilotagem de Aviões de Caça (EICPAC). Em Outubro de 1959 a esquadra é reforçada com mais cinco Canadair T-33AN Silver Star, a versão canadiana dos Lockheed T-33, provenientes da Força Aérea Canadiana (CAF) e em 1960 com mais dois Lockheed RT-33A, versão monolugar para reconhecimento fotográfico.

Em 1968 chegaram mais dez T-33 T-Bird para a EICPAC, provenientes das bases da USAF na Grã-Bretanha e Alemanha.

Em Novembro de 1974 a EICPAC é transferida para a BA5, em Monte Real, onde em 1977 recebe a nova designação de Esquadra 103 oficialmente denominada de “Caracóis”, com emblema (um sorridente caracol com capacete de piloto a servir de casca) e lema (Devagar se vai ao longe”) apropriados. 

Em Outubro de 1979 a FAP recebeu os últimos três Lockheed T-33A, anteriormente operados pela USAF e depois pela Força Aérea Belga.

Os T-33 e T-38 conviveram mais de uma década na
Esquadra 103
Em finais de Julho de 1980 a Esquadra 103 recebe doze Northrop T-38A Talon, que passam a operar em conjunto com os T-33A num sistema de duas esquadrilhas. 

Entretanto, a frota dos T-33A foi-se debatendo com os problemas derivados da idade e das inumeras horas de serviço das aeronaves, agravados pela escassez de sobressalentes, dando-se inicio à sua retirada de serviço de forma escalonada.

Em Janeiro de 1987 a Esquadra 103 é transferida para a Base Aérea N° 11 (BA11), em Beja, mas por essa altura, dos 35 T-Bird originalmente adquiridos pela FAP apenas 15 estavam operacionais. 

Em 1988 começou o processo de desativação total dos T-33A que ficaria concluído no dia 27 de Junho de 1991 em que foi realizado o último voo de instrução em T-33A. Em 22 de Outubro de 1991 é realizada a cerimónia da sua despedida oficial.

# Revisto em 2016-11-20 #
# Publicado em 2015-05-10 #

DESENHOS
.

PERFIL
.

FONTES
VER TAMBÉM