Sopwith F.1 Camel

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O Sopwith F.1 Camel, assim apelidado devido a carenagem em forma de corcunda que protegia as suas armas,  foi o mais famoso avião caça britânico da Primeira Guerra Mundial tendo abatido mais aviões inimigos do que qualquer outro caça aliado durante a Primeira Guerra Mundial.
O primeiro semestre de 1917 fora particularmente mau para as forças aéreas aliadas na frente ocidental, que somavam elevadas perdas em aviões e pilotos. Só no mês de abril que ficaria conhecido por «abril sangrento», o RFC (Royal Flying Corps) perdera 275 aeronaves e cerca de 400 tripulantes (207 mortos) demonstrando a supremacia das aeronaves da Luftstreitkräfte.
A introdução do Sopwith Camel na frente em junho de 1917, forneceu o impulso necessário à campanha aérea dos aliados, equilibrando numa primeira fase, e seguidamente superando, as forças da Luftstreitkräfte, quando em fevereiro do ano seguinte atingiu o máximo de efetivos em operação.
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Ano
1917
Pais de Origem
Reino Unido
Função
Caça
Variante
F.1
Tripulação
1
Motor
1 x  Clerget 9B
Peso (Kg)
Vazio
420
Máximo
659

Dimensões (m)
Comprimento
5,72
Envergadura
8,53
Altura
2,59

Performance (Km)
Velocidade Máxima
182
Teto Máximo (m)
5791
Raio de ação
485
Armamento
2 x metralhadoras Vickers de 7.7 mm

Países operadores
Reino Unido, Austrália, Bélgica, Canadá, Grécia, Estónia, Georgia, Holanda, Letónia, Polónia, Rússia, EUA
Fontes
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GALERIA
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Sopwith F.1 Camel
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Sopwith 2F.1 Camel
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Sopwith TF.1 Camel
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Sopwith F.1 Camel (réplica)
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Sopwith F.1 Camel (réplica)
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Sopwith F.1 Camel (réplica)
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HISTÓRIA
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Embora o Sopwith Camel (oficialmente designado por Sopwith F.1) tenha sido concebido como um substituto para o Sopwith Pup, ele era na realidade um desenvolvimento deste ultimo. 

Sopwith Camel, Prototipo, 1916
O Sopwith Pup, demonstrara, já não ser um adversário à altura dos caças mais recentes da Luftstreitkräfte, como o Albatros D.III e por isso era necessário uma nova aeronave para os substituir bem como aos Nieuport 17 que o RFC adquirira aos franceses. Reconhecia-se já a necessidade de um caça mais rápido e com armamento mais pesado e para atender a isso o projetista chefe da Sopwith, Herbert Smith, optou por desenvolver um sucessor, o Sopwith F.1.

O "Big Pup”, como seria conhecido o F.1 nas fases iniciais de desenvolvimento, voou pela primeira vez em 22 de dezembro de 1916, com um motor radial rotativo de 9 cilindros Clerget 9Z de 110cv. Para a época o F.1 tinha um desenho e construção convencionais, com uma fuselagem de secção quadrangular aredondada na parte superior, estrutura em madeira e revestimento em tecido dopado, nas asas, empenagem e secção da fuselagem da retaguarda, painéis de madeira compensada na zona do cockpit e uma carenagem metálica à frente na zona do motor. As asas de igual envergadura tinha uma configuração escalonada e eram ligadas por dois pares de hastes próximo das extremidades, com a asa superior ligada à fuselagem por outros dois pares de hastes por cima do capô do motor. A asa inferior formava um diedro de 3º, mas a superior não, pelo que a distâncias entre elas era menor nas pontas do que na raiz. 

Armas e cockpit do Sopwith Camel
A aeronaves de produção viriam a receber diferentes motores rotativos sendo os mais comuns o Clerget 9B e o Bentley BR1 mas também o Le Rhône 9J, o Gnome Monosoupape 9B-2 e o Gnome Monosoupape 9N. 

Pela primeira vez numa aeronave britânica, o armamento era composto por duas metralhadoras Vickers de 7,7mm montadas diretamente à frente do cockpit, sincronizadas para dispara através do arco da hélice. Uma carenagem metálica sobre as culatras das armas, que se destina a protege-las de congelarem em altitude, criou uma bossa característica que levou os pilotos a referirem a aeronave como “Camel” (camelo), nome pela qual viria a ser conhecida, muito embora tal nunca tivesse sido a sua designação oficial.

Em maio de 1917 o Gabinete de Guerra, fez a primeira encomenda à Sopwith Aviation Company, um contrato para um lote inicial de 250 Sopwith F.1 Camel, especificando o uso do motor Le Rhone 9J . Durante o ano de 1917 seriam produzidas 1325 aeronaves e durante o ano de 1918 seriam produzidas mais 4165, totalizando 5490 até final do período de produção.

Sopwith 2F.1 Camel a bordo do HMAS Sydney
Estes números incluem as aeronaves Sopwith 2F.1 Camel, uma versão naval, com menor envergadura, secção traseira da fuselagem desmontável, trem de aterragem amovível para facilitar as operações a bordo, e uma das metralhadoras Vickers substituída por uma metralhadora Lewis em cima da asa superior. Estas aeronaves operaram nos porta aviões da Royal Navy HMS Furious e HMS Pegasus, bem como outros navios de guerra equipados com catapultas montadas sobre as torres das peças de artilharia de grande calibre ou na proa. Alguns destes Camel acompanharam as incursões da Força Harwich contra Baía de Heligoland, em 1918, tendo abatido alguns hidroaviões alemães.

Ao contrário dos antecessores, Sopwith Pup e Sopwith Triplane, o Camel era considerado pelos pilotos, difícil de pilotar. Tal resultava da sua extrema manobrabilidade e seu difícil manuseio, em resultado de 90% do peso da aeronave (motor, tanque de combustível e piloto) se concentrar à frente, deslocando para aí o centro de gravidade. A isto acresce o forte efeito de torque do motor rotativo que tornava o Camel difícil de virar à esquerda, embora em contrapartida fosse extremamente rápido em voltar à direita. Cientes da dificuldade de adaptação dos pilotos à aeronave, que tornara os acidentes com os Sopwith Camel muito frequentes, foi desenvolvida em campo, uma versão de instrução com dois lugares param auxiliar a transição. O instrutor responsável por essa conversão de campo diria nas suas memorias:
Sopwith 2F.1 Camel, descola do HMS Australia

«In spite of the care we took, Camels continually spun down out of control when flew by pupils on their first solos. At length, with the assistance of Lieut Morgan, who managed our workshops, I took the main tank out of several Camels and replaced them with a smaller one, which enabled us to fit in dual control.»  
Recollections of an Airman Lt Col L.A. Strange

Tais conversões, foram uma forma de aliviar as baixas, inicialmente inaceitáveis, incorridas durante os primeiros voos a solo nas fases iniciais de formação/conversão de pilotos para o Sopwith Camel.

Nas mãos de um piloto experiente, o Sopwith Camel tinha melhor capacidade de manobra que os Albatros D.III e D.V, alemães, oferecia melhor desempenho, e dispunha de um armamento mais pesado que qualquer dos seus antecessores, como viria a ser demonstrado quando foi colocado nas linhas da frente de combate em junho de 1917.

Sopwith Camel, sendo dificil de pilotar,
os acidentes eram frequentes
Um importante papel desempenhado pelos Camel foi na defesa doméstica do território britânico, o que obrigou o retorno de alguns deles que atuavam na França a partir de julho de 1917. Devido aos ataques noturnos dos Alemães com Zeppelins e bombardeiros estratégicos Gotha G.IV , foi criada a versão de caça noturno, conhecida como Sopwith F.1/3 ComIc (Camel Interceptor) que em março de 1918 equipavam sete esquadrões de defesa doméstica. Estes Camel divergiam da versão F.1, por terem as metralhadoras Vickers substituídas por metralhadoras Lewis, instaladas na asa superior numsuporte Suporte Foster, para permitir que o piloto tivesse uma área de visão maior, e que não fosse prejudicada pelo clarão do disparo das armas durante a noite. Para permitir o recarregamento das armas usando o Suporte Foster o assento do piloto foi movido 30 cm para trás e o tanque de combustível foi movido para a frente. 

A partir de meados de 1918, com a drástica redução da atividade da Luftstreitkräfte, após o fracasso da Ofensiva da Primavera (Ofensiva Ludendorff ) o Camel foi usado como um avião de ataque ao solo, ao mesmo tempo que a massa de soldados norte-americanos chegavam a França dando aos Aliados uma vantagem decisiva. O bloqueio dos portos Alemães em curso nessa altura, colocou todo o sistema de abastecimentos alemão sob pressão, daí resultando que o combustível necessário aos aviões da Luftstreitkräfte se tornou escasso, reduzindo ao mínimo a sua capacidade operacional. 

HMA R23, com um Sopwith 2F.1Camel suspenso para
 teste como caça parasita
Portanto, o Camel e muitos outros caças aliados foram utilizados para apoiar o avanço da infantaria para a fronteira com a Alemanha. Esta mudança originaria uma proposta para um Camel TF.1 "Caça de Trincheira", destinado ao ataque ao solo com metralhadoras de 7,7 mm apontadas obliquamente para baixo disparando através do piso da cabina do piloto e blindagem adicional para proteção do piloto e do motor do fogo vindo do solo.

Ao Sopwith Camel pilotado pelo canadiano Roy Brown foi oficialmente creditada o abate do lendário a ás alemão Manfred von Richthofen, o "Barão Vermelho", em 21 de abril de 1918. Embora pesquisas mais recentes sobres este assunto apontem para que von Richthofen tenha na realidade sido derrubado por fogo terrestre, sendo a causa mais provável da sua morte.

Os Camel não permanecem muito tempo ao serviço após a guerra com a RAF (Royal Air Force, criada em 1 de abril de 1918) a substitui-lo pelo Sopwith 7F.1 Snipe. No entanto,  continuou por alguns anos ao serviço da aviação militar, belga, canadiana, e polaca, e dos serviços aéreos navais gregos e norte americanos.

# Revisto em 2016-12-01 #
# Publicado em 2015-04-15 #


DESENHOS
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PERFIL
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